quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Confraria da Leitura-pn Edição 17

RECANTINHO (crônica de uma história registrada no cardápio)

A história deste bar – hoje também restaurante - se confunde com a história da família Felício. O terreno, de posse do senhor Bertolino, morador da Barra da Lagoa, foi passado para o filho, seu Oríbo (pai do Anízio), por ocasião do casamento com D. Joana. Por sua vez, ao casar com Irizete, Anízio herdou a parte do terreno onde hoje estão construídos sua casa e o bar.

A idéia de abrir um bar foi da esposa Irizete. Assim que nasceram os gêmeos, Jamilly e Lucas, em 1990, não podendo trabalhar fora, com as despesas aumentando consideravelmente e o salário do Anízio não sendo mais suficiente, sugeriu ao marido que abrissem um barzinho. Nora e sogra trabalhariam na cozinha e o Anízio atenderia na frente.
Aprovada a idéia, construíram, à época, apenas a parte onde hoje ainda é a cozinha, com a ajuda do amigo Totonho, padrinho dos gêmeos. As primeiras mesas de plástico, conseguiram emprestadas com o Valério Matos, da Porto Belo.
Como não tinham carro, Irizete e D. Joana foram comprar todos os utensílios (panelas, pratos, talheres, copos, etc.) de ônibus, “na cidade”. Naquela época as pessoas podiam andar tranquilamente no centro de Florianópolis com muitas sacolas sem serem molestadas ou roubadas.
Começaram abrindo às 16 horas servindo apenas aperitivos e pirão de caldo com peixe frito ou camarão. Na década de 90 o rio da Barra ainda era farto. O próprio Anízio, geralmente com o auxílio do amigo Adailton, capturava todo o peixe e todo o camarão necessários. Por noite era uma média de 5 a 12 quilos de camarão capturados na “croa”. À época ainda não havia o canal nem o rio era drenado.
Hoje o Recantinho é bar e restaurante. Com a mesma cor desde o início, verde, sem placa ou publicidade alguma, é um dos restaurantes mais simpáticos e de grande sucesso da Barra. A propaganda de boca em boca, totalmente espontânea é que provoca tal fenômeno. Além disso, ao longo da história há questões que vêm se mantendo inalteradas. Sem falar o paladar e do esmero no preparo de todos os pratos, há o atendimento peculiar prestado pelo Anízio (“o marido da dona”). Sempre simpático e atencioso, abraçando e beijando cada freguês em particular bem como cumprimentando efusivamente cada novo cliente, Anízio vai de mesa em mesa conferir cada pedido e colher a opinião dos fregueses sobre o resultado, autorizando muitas vezes a “saideirinha da casa”.
Com todo o sucesso, Anízio continua o mesmo. Quer conferir? Apareça na Barra entre 4 e 6 da manhã. Vai encontrá-lo com seu carrinho de mão amarelo comprando os frutos do mar fresquinhos (lulas, anchovas, tainhas, camarões, etc.) que chegam nos barcos dos pescadores. Ou então, é bem capaz que o encontre “governando” os peixes, preparando as postas e os filés que serão servidos.
É ele pessoalmente quem assume a responsabilidade pela seleção dos produtos servidos no Recantinho.

PARA LEMBRAR (hífen 1)

O hífen é mantido com os prefixos: além, aquém, ex, pós, pré, pró, recém, sem, vice. EXEMPLOS: sem-terra, ex-senador, vice-prefeito, recém-nascido, pós-graduação, pré-vestibular, pró-reitor, além-mar.


NOVO PRESIDENTE NA ACL

Com o falecimento do caro amigo e confrade Lauro Junkes, a presidência da Academia Catarinense de Letras foi ocupada pelo também confrade (e não menos caro amigo) Péricles Prade. Dinâmico, com currículo invejável, homem público ligado à política, às artes, à literatura e à vida acadêmica como um todo, Péricles reúne as condições necessárias para levar a ACL ao lugar de merecimento buscado por Pítsica, por Junkes e por outros tantos acadêmicos que ocuparam a presidência do órgão.
Dentre os inúmeros desafios, Péricles, deverá coordenar o processo de preenchimento das três cadeiras vagas em 2010, ocupadas, respectivamente por: Hoyedo Gouvêa Lins (11), Carlos Humberto Corrêa (17) e Lauro Junkes (32). A exemplo do que pensam inúmeros confrades e considerando a contribuição deixada por Lins, Junkes e Corrêa para a Literatura e para a Cultura, é preciso que os pretensos novos acadêmicos tenham em seu currículo uma produção sólida voltada para a LITERATURA E PARA A LÍNGUA NACIONAL, isto é, tenham escrito e publicado romances, contos, crônicas, poemas, crítica literária, história da literatura e da cultura de nosso Estado. É preciso também que após a eleição, atuem, contribuam, estejam presentes, participem da vida do Sodalício.


PONTO DO POETA

Minha senhora do Desterro
onde te escondes?
Vagueias por acaso
nas noites do Vento Sul?
Passeias pelas dunas,
pela Lagoa, pelo farol?
Onde te escondes
Senhora minha
desta Desterro
que amo?
Por que me apareces
somente em tempo feio,
em céu fechado,
com forte vento soprando?
Onde estás, senhora minha?
Onde estás, minha Desterro?

(Senhora, pg. 17, do livro Minha Senhora do Desterro, 1981)