quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Confraria da Leitura-pn Edição 25




NA HISTÓRIA DA MINHA VIDA

No dia 7 de julho último, durante um almoço no restaurante Lindacap, com vários escritores membros da Academia Catarinense de Letras, e o então candidato Olsen Jr., recebi das mãos da querida amiga, confreira e eminente poeta Leatrice Moellmann, devidamente autografado, um exemplar de seu mais recente livro intitulado “Na história da minha vida”.
Para Telma Lúcia Faria, poeta que escreve na primeira aba do livro, “Na história da minha vida” é uma pequena faceta de um brilhante chamado Leatrice.” E continua: “ Falar do cuidado formal, estilo e linguagem impecáveis seria ‘lugar comum’, considerando que a autora é reconhecida e festejada em instituições como Academia Catarinense de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, entre tantas outras entidades culturais, por mérito e talento. Prefiro falar do ser humano Leatrice, de quem aprendi a gostar, respeitando-a como parâmetro de mulher valorosa que buscou e conquistou seu espaço. .... Prefiro falar do seu jeito pueril, do olhar profundo, da sensualidade que transborda de seus versos.”
E é justamente esse lado de Leatrice que, o grande cronista Carlos Adauto Vieira, Vice-Presidente da Academia de Letras e Artes de São Francisco do Sul e ex-aluno da autora ressalta na apresentação do livro: “As mulheres nos ensinam a amar. Porque sabem fazer com corpo, alma e talento. Mais, ainda, se cultas. Isto é, com aquele conhecimento sobre as obras não divinas, porém simplesmente humanas.
E mais adiante: “ Tem-se observado ao longo dos tempos Safo, Cloé, Elizabeth Bishop, Florbela Espanca, Cecília Meireles, Júlia da Costa, Leatrice. Desta, também, os versos fervem de paixão, tanto que ela diz conhecer todos os amores “A mais autêntica sinceridade, o amor-luxúria e o amor-amizade. Amores que me fazem bem feliz”.
Parabéns e sucesso, querida amiga!

VENTOS DO SUL

Em minhas mãos o número 35 da Revista “Ventos do Sul”, do Grupo de Poetas Livres. O exemplar não é meu, tomei-o emprestado da Academia Catarinense de Letras, entidade a qual pertenço, para fazer este pequeno registro. É a segunda vez que comento tal iniciativa daquele Grupo.
Simples, toda em preto e branco, inclusive a capa, com tiragem semestral, a revista continua contribuindo significativamente para a divulgação de poetas novos e “antigos”.
Na carta da presidente Maura Soares – o editorial – ficam claros os objetivos dos Poetas Livres (completou 12 anos de existência em 2010) que, com a revista, procura “divulgar não só o autor catarinense, aqueles aqui nascidos, mas também aqueles que escolheram Santa Catarina par viver e constituir família”.
Desse número destaco: a) a Medalha do Poeta – Maria Vilma Campos, para uso dos associados em eventos que comparecerem representando o Grupo; b) a 6ª. Edição do concurso Liberte-se nas asas da poesia; c) a 5ª. Edição do concurso on-line Trovas e/ou Quadras; d) os poemas de inúmeros poetas catarinenses e brasileiros, vivos ou não.
A seguir transcrevo da página 26 da revista, o poema “O NÓ NA GARGANTA” (do livro Vertente, pg. 74), do grande poeta e meu querido amigo ALZEMIRO LÍDIO VIEIRA:

Os trilhos da fuga
aos poucos estreitam
enquanto o nó aperta a garganta.
Na calada do momento,
na calada da madrugada,
na calada da justiça.
Agora só existe um estrondo
com a máscara do silêncio
no peito do cabisbaixo.
A vasculhar em restolhos
definições humanas.
Enquanto o atordoamento
se alastra
no tribunal do íntimo.
Porque da justiça lá fora,
escoa-se um eco pelas laterais
do tempo...

GENIAL COMO SEMPRE (uma crônica de Olsen Jr)

Sou muito econômico em elogios. Quando alguém faz algo que eu acredito poderia tê-lo feito, cedo as minhas reverências. Sim, refiro-me ao último filme de Woody Allen “Midnight inParis”.Foi um amigo quem me alertou: “Vá assistir porque é a tua cara”...
O filme toca em algo que está nas minhas entranhas. Explico, sempre acreditei estar vivendo em uma época errada. Lembrei de Bernard Shaw “Porque fui nascer com tais contemporâneos”, só uma blague... Também não se confunda “nostalgia” com “saudosismo”.
A primeira está condicionada a um imaginário que construímos (leituras, imagens, depoimentos) e introjetamos de maneira a construir um corpo à parte de nossa realidade, masque pode ser emulada como se fosse real; já o segundo, estimula lembranças de fatos vivido se que são evocados eventualmente por imagens recorrentes. Em comum, o fato de que por momentos estamos viajando no “passado” e isso nos distrai da insolência do cotidiano em que estamos inseridos.
Não vou contar o filme, mas estar junto com Scott Fitzgerald e Zelda Sayre à mesa com Ernest Hemingway discutindo “Writers at Work”, regado com a bebida preferida de cada um; ou então encontrando a modelo que já tinha sido “Musa” de Modigliani, agora era de Picasso, mas tinha “Papa” no páreo e por quem o personagem também se apaixona e tudo na década de 1920, para nós a “Época de Ouro”... No “Maxim’s” ouvindo Cole Porter ao piano cantando “Let’s do It (let’s fall in Love)” ou então com Toulouse-Lautrec, Degas e Gauguin, eles vivendo em plena “Belle Époque”, num cabaré, acreditando que a tal “Época Dourada” era a Renascença com Miguel Ângelo e Cia. Ou ainda naquela mesa bem humorada curtindo Luis Buñel, Salvador Dali e Man Ray e os mistérios da anatomia de um rinoceronte e não há nada de estranho em se ter a consciência (temporária) de viver em outra época onde o que importa é o talento e o que cada um pode fazer com ele.
Claro, falta interlocutores, alguém que entenda isso. Então não há nada de errado em deixar os originais de um romance em andamento no estúdio de Gertrude Stein e sua fiel escudeira Alice B. Toklas, mesmo sabendo que ambas dividem a cama e nós não temos nada com isso, o que conta mesmo é a arte.
A verdadeira arte é aquela que nos ajuda a entender a vida. A grande arte é esta, como sugere este filme “Meia Noite em Paris” em que o Woody Allen, transmite esta impressão (para nós que somos escritores, principalmente) que o roteiro foi escrito para nós e com o qual nos identificamos porque sempre haverá uma “Idade do Ouro” onde gostaríamos de estar, mesmo que – sem o saber – já estejamos nela.


HOMENAGEM

Inácio José de Alvarenga Peixoto (1744-1793) nasceu no Rio de Janeiro. As suas Obras Poéticas foram editadas por J. Norberto de Souza e Silva em 1865, por Domingos Carvalho da Silva em 9956, e por Rodrigues Lapa em 1960 (MEC). A seguir um poema que ele fez para a filha.

A MARIA EFIGÊNIA
(em 1786, quando completava sete anos de idade)

Amada filha, é já chegado o dia
Em que a luz da razão, qual tocha acesa,
Vem conduzir a simples natureza,
É hoje que o teu mundo principia.

A mão, que te gerou, teus passos guia,
Despreza ofertas de uma vã beleza,
E sacrifica as honras e a riqueza
Às santas leis do Filho de Maria.

Estampa na tu’alma a caridade,
Que amar a Deus, amar aos semelhantes
São eternos preceitos da verdade;

Tudo o mais são idéias delirantes;
Procura ser feliz na eternidade,
Que o mundo são brevíssimos instantes.

(Obras Poéticas de Inácio José de Alvarenga Peixoto,
Rio, 1865, páginas 197-198)

A ILHA

Recebi o número 117, edição de junho, do Suplemento Literário A ILHA, que completou, naquele mês, 31 anos de ininterrupta circulação.
O Suplemento é o órgão de divulgação de um grupo literário com o mesmo nome e que tem como coordenador o escritor Luiz Carlos Amorim, um dos candidatos à cadeira número 32, ocupada até então pelo saudoso Lauro Junkes, dinâmico ex-presidente daquele Sodalício.
A ILHA começou suas atividades em São Francisco do Sul, em 1982, migrou para Joinville dois anos depois e lá desenvolveu atividades diversas, como o Varal da Poesia, recitais de poemas, publicação de livros e da revista. Em 2000, com a mudança do coordenador do grupo para Florianópolis, a sede do Grupo e, consequentemente do Suplemento, passaram para a capital.
Parabéns, portanto, ao grupo, pela longevidade.

POEMA ESPARSO X

Uma vida juntos
outra vida separados.
Somos diferentes:
enquanto moços
- vívidos e ávidos –
sem sentimentos.

Agora velhos,
areia da ampulheta
descendo rápido
- goela abaixo –
exorcismo de morte.

(Poemas à flor da pele, Pinheiro Neto, 2010)

Confira minha coluna no Jornal Leste da Ilha

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Confraria da Leitura-pn Edição 24

13º CATAVÍDEO é lançado na terça no Cine Pitangueira

Com exibição dos vídeos mais votados em 2010, será lançado nesta terça-feira, dia 9 de agosto, às 19h, no Cine Pitangueira, as inscrições para o 13º CATAVÍDEO - Mostra de Vídeos Catarinenses. O evento se consolidou como a principal janela de exibição dos audiovisual produzido no Estado e a partir desta data os produtores interessados em exibir seus filmes na Mostra já podem realizar as inscrições através do site www.catavideo.org.

Podem ser inscritos vídeos produzidos em qualquer ano, desde que inéditos na mostra e realizados em Santa Catarina ou que tenham a participação de catarinenses. As inscrições vão até o dia 9 de setembro. A organização anunciará algumas novidades para esta edição, como o sorteio de premiação para as produções inscritas e a realização de pelo menos duas sessões em cada dia do evento, que ocorrerá de 4 a 13 de novembro na Fundação Cultural Badesc, localizada no Centro de Florianópolis.

O CATAVÍDEO exibe todos os filmes inscritos e o objetivo é resgatar produções que circularam pouco e foram parar nas prateleiras dos realizadores, além de estabelecer um panorama recente do cinema produzido no Estado. Ao longo de 12 anos, o festival formou um acervo de aproximadamente 1.000 vídeos, com um quadro significativo da produção da década. A intenção é ampliar o número de títulos para preservar a memória e fomentar a exibição. Nas últimas três edições, a média anual de títulos inscritos foi superior a 100 filmes.

Além da Mostra, o CATAVÍDEO promove oficinas, que serão realizadas em parceria com o SESC. Estão programadas oficinas de Cineclubismo, Cultura Digital, Divulgação de Audiovisuais, Classificação Indicativa e Animação.

O regulamento para inscrições pode ser acessado em www.catavideo.org e após fazer o registro online, os realizadores devem entregar uma cópia da ficha de inscrição assinada, juntamente com a cópia de seu vídeo e material de divulgação no Fundo Municipal de Cinema de Florianópolis. O Funcine fica anexo à Fundação Franklin Cascaes, no Forte Santa Bárbara, Centro, e funciona de segunda a sexta, das 13 às 18h, fone (48) 3224-6591 e 9989-4215. O material pode ser entregue pessoalmente ou via correios. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mailcatavideo@alquimidia.org.

A cada ano, a organização traz um debatedor convidado para abrir o festival. Nas edições anteriores vieram os diretores Eduardo Valente, Gustavo Spolidoro, Carlos Nader Emerson Schmidlin, Kiko Goifmann e Rodrigo Grota. O CATAVÍDEO é realizado pela Associação Cultural Alquimídia e Funcine, em parceria com a Fundação Cultural Badesc, Sesc e Cinemateca Catarinense, com o apoio do Museu da Imagem e do Som e produção da Exato Segundo Produções Artísticas.

O quê: Lançamento das inscrições do 13º CATAVÍDEO - Mostra de Vídeos Catarinenses, e sessões de cinema às 15 e 19h.
Quando: terça-feira, 9 de agosto.
Onde: Casa das Máquinas do Casarão da Lagoa. Praça Bento Silvério, Lagoa da Conceição, Florianópolis.
Quanto: gratuito.

FILMES

Fogo.Doc (Leandro Andrade)
|Fpolis|5’|Doc.|2005|
Documentário com o lado pitoresco dos acontecimentos do dia 19 de setembro de 2005, data em que acorreu o incêndio na ala norte de Mercado Público de Florianópolis.

Seca na Mesopotâmia (Coletiva – LAPIS)
|Fpolis|9’|Animação|2009|
Na antiga Mesopotâmia, a seca é um grande problema a ser enfrentado.

Degelo Seco (Alceu Kunz)
|Sombrio/Rio de Janeiro|15’|Ficção|2008|
Um homem conversa com sua geladeira e demais objetos do conjugado onde mora.

A incrível história da vovozinha e o lobo mau (Kurt Shaw e Rita de Cácia Oenning da Silva)
|Fpolis/Rio de Janeiro|3’|Animação|2010|
Três crianças de 4 anos da creche Salgueiro, no Rio de Janeiro, narram a história da Chapeuzinho Vermelho, dando a essa uma versão bastante diferente. O resultado é inesperado e demonstra a fabulosa criatividade e capacidade adaptativa de crianças pequenas. Nas suas narrativas, povoada por personagens que se transmutam de um personagem a outro, o Lobo Mau casa com a vovozinha e todos vivem felizes para sempre.

Braziland (Giuseppe Consentini)
|Laguna|5’|Ficção|2010|
Humor negro sobre o horário porlítico brasileiro.

D'Exibicionismo (Jone Schuster)
|Maravilha|3’|Ficção|2010|
Ele só sentia prazer se alguém o estivesse observando.

Making of (Fabrício Porto)
|Joinville e São Francisco do Sul|17’|Ficção|2010|
Bene é um videomaker que, em um dia de suas gravações experimentais, encontra Bia. Os dois conversam e decidem trocar as fitas de suas câmeras. Após ver as imagens de Bia, Bene acredita que está fazendo parte de um filme.

A 7ª Margem (Renato Grillo)
|Fpolis|25’|Ficção|2010|
Metáfora sobre a insustentável situação do país em seus vários níveis. Perdido, o personagem vaga sobre a própria vida em busca de saídas. O filme traz em si o conceito de marginalidade. Realizado sem recursos técnicos e financeiros em apenas três dias. Seja marginal, seja herói.
Duração total da sessão: 82 minutos


CONTATO

Guto Lima
Exato Segundo Produções Artísticas
(48) 9952-5657, 9989-4215

Fifo Lima
Assessoria de Imprensa
(48) 4141-2116, 9146-0251


x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x



POEMA DE TEREZINKA PEREIRA


4:30am


Faz uns minutos
notei que estava falando
comigo mesma.
Então retruquei:
Deixa de perder tempo
em conversa fiada!
Vai dormir!