terça-feira, 5 de agosto de 2014

Edição nº. 62





 PAPO NA CONFRARIA: Maria de Fátima Pavei



1-O que te motivou a escrever?

Lembro-me do Colégio Cristo Rei em Içara e as Irmãs me abraçando e me conduzindo até a biblioteca. Durante alguns anos eu criei histórias infantis para presentear meus familiares e amigos. Tempo feliz! Minha inspiração nasceu destes meus desejos de escrever tão bonito quanto as professoras freiras. Dos 12 aos 20 anos eu lia e decorava alguns poemas de Castro Alves, Olavo Bilac, Fagundes Varela e Casimiro de Abreu. Fui professora durante 20 anos e meus alunos liam as obras, transformando-as num belo teatro. Algumas delas:  Triste Fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto, Os Sertões de Euclides da Cunha, O Primo Basílio de Eça de Queirós.  Aos leitores digo, uma enorme motivação para a escrita são as obras de Pearl S. Buck, Ernest Hemingway, Enrique Vila-Matas e os escritores da Academia Catarinense de Letras.  Não é fácil ser forte e resistir o tempo. Todos os dias preciso escrever e  permanecer desafiadora e provocante até o fim.

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2-Cite os TRÊS livros (e respectivos autores) mais significativos em tua vida?

"Os Miseráveis" de Victor Hugo," Uma Noite em Paris" de Ernest Hemingway e "A Borboleta de Prata" de Pearl Buck.

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3- Indique um livro (Literatura Brasileira) para leitura de:

a)       Alunos do Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries)
“Alice no País das Maravilhas” - Lewis Carroll.

b)       Alunos do Ensino Médio
“Memória de minhas Putas Tristes” -  Gabriel Garcia Márquez.

c)        Alunos do Ensino Superior
“Dom Quixote de La Mancha” - Miguel de Cervantes.
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4- Como se dá o processo da escrita em tua prática cotidiana?

Meus momentos de inspiração me conduzem independente de mim mesma. Procuro combater os inúteis, os rebeldes e os prisioneiros. A inspiração me domina completamente e amo a escrita com paixão.
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5- Fale sobre o apoio dispensado pelos setores público e privado à literatura.

Penso que nós escritores estamos dormindo em nossas casas. Precisamos nos organizar e vencer. Ainda acredito! Somos todos iguais! Vamos criar nossos ritmos e contar histórias novas.
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6- Fale sobre o papel das Academias de Letras em relação à Língua e à Literatura

As Academias me fascinam e ninguém entrou lá sem amor pela literatura. Enquanto misturam todas as vozes transmitem os mesmos sonhos. Todas dominam versos e  lutam em favor da libertação. Gostaria que a Academia Catarinense de Letras proporcionasse recursos ao seu público. Assim disse Willa Cather “Nada está distante e nada está próximo, quando se deseja”. (The song of my Lark)


Maria de Fátima Silveira Pavei escreveu os livros:“Dois Olhares a Quatro Mãos Falam Daquilo que Ouvem” (coautor - Alexandre Moreira), cuja renda foi revertida a APAE. “Eco de Duas Vozes: Verso & Prosa – Guia da Nova Ortografia” (coautora - Elza de Mello Fernandes) e “Além dos Trilhos do Trem- 1961/2011- 50 Anos de Emancipação Política de Içara". Foi vencedora de dois concursos, de conto com o texto "Alucinada" e de crônica com o texto " A lagartixa e o gato”.  É graduada em Letras, pós-graduada em Linguística Aplicada a Língua Portuguesa, mestra em Ciências da Linguagem e pertence a AILA- Academia Içarense de Letras e Artes. Reside em Içara, Santa Catarina. Lecionou Língua Portuguesa, Literatura Brasileira e Produção Textual em escolas municipais, estaduais, no Colégio Cristo Rei de Içara e nas universidades: UNESC e UNISUL de Santa Catarina.Atualmente é cronista do Jornal Gazeta de Içara e escritora.



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                                            (Arte em café de Michele Espíndola/2014)




DA SÉRIE “POETAS MULHERES” - 4


RAIVA

          
A alma vazia
com falta de assunto.
Dói a solidão
quando nem a esperança
nos faz companhia
e o desalento compartilha
a tristeza em vão.

A loucura não responde
e nossos olhos não cumprem
seu destino de realidade.
Estamos entre
as quatro paredes do mundo,
mas se salvarmos o "eu" da prisão,
salvamos o mundo todo!

(Terezinka Pereira, EUA, emeio, 2014)


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PARA A HORA DO AMOR


Vem devagar, Jardim!
A boca desacostumada,
Ruborizada, bebe jasmim
Feito abelha embriagada,

Que a flor alcança tarde
Ao redor do quarto arde,
Néctar, néctar – roga.
Entra, e em bálsamo se afoga.


(EMILY DICKINSON, Um livro das horas, seleção, tradução e ilustração de Angela-Lago, Editora Scipione, 2007)


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ARRASTÃO

Teu toque, vara de condão,
Acende os meus sentidos
E eu vou num arrastão
Como se uma arpa vibrasse
Uma vela acendesse
E – pavio renitente –
Novamente brilhasse

Essa luz difusa
Oscilante e confusa
Desvairada faminta
E jamais extinta...

Porque tu és o mago
Em cujas mãos me embriago
E lampejante
Me acendo e me apago

(Leatrice Moellmann, Amor nos anos 90, Papa-Livro, 1999, pg. 101)

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BELA


Ela amuada,
não queria nada
nem sabia
Bela, vivendo
não é se partindo
acaba comendo
e não para de rir
acha que a vida é bela
como sempre a Bela que conheci
Então me diz:
o pior é engolir.


(VIVIANE ROUSSENQ, Baton, Shogum Arte, 1986, pg. 38)



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FRACTAL

matizes vermelhos
tecidos em flores
acesos de pecado

nas pétalas
nascem estrelas
invento de mil faces

tons violetas
pulsam nas veias
viram presas

fagulhas planam
nas gotas lilases

borbulham cálices
pingam teias
cheias de rubores

(SONINHA PORTO, doeu, Alcance, 2009, pg.43)



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ENCAIXES

Ando sem música
esvazio minha cabeça
e nela coloco um corpo

Acéfalo!

Busco
e deslizo entre mundos

e...
Se encontrarem um vagante cérebro,
feliz por cometer loucuras,
não me avisem!

Ele pode ser eu.

Carmen Silvia Presotto, Vidráguas, Porto Alegre, 2006.




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VINHO DO PORTO


Do camaleão afoito
parte o porto.
Vem ao cais
buscar sossego, afirmação.

Dançando na garganta
à borda do cálice,
eu respiro.
Tenho seu grito.


(Rita Raphael, Da sedução da intimidade do mundo, Ed. Cepec,1988, p. 15)



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LI E RECOMENDO (6)


O AZARADO TIBERINHO e outros contos


Escrever bem é um desafio. Escrever literatura é um desafio maior. Escrever literatura – prosa – tendo como objetivo o conto é desafio muito, muito maior.

A leitura dos originais do livro que me foi entregue por Antonio Manoel da Silva para apresentação, num primeiro contato, remete para dois momentos distintos.

Toda a primeira parte dedicada às peripércias do “azarado Tiberinho” prefiro considerar como uma “noveleta”, embora o autor tenha decidido caracterizar cada uma de suas partes ou capítulos, como contos.

Nela encontramos a história da personagem principal, Tiberinho, desde seu primeiro contato com o mundo do azar – ainda bebê, foi abandonado à porta da residência do casal que o acolheu – até o momento em que o estigma que o acompanha deixa o contexto rural e embrenha-se pelo mundo das coisas relativas à política social do país, caracterizado pelo trabalho que consegue junto ao IBGE.

São, portanto, onze histórias com a mesma personagem principal e sua trajetória cujos elementos da narrativa, trazem como amarração a sina que o acompanha, a falta de sorte.: Os pais adotivos, O cinto de segurança, O bife a cavalo, O motel, O caixa eletrônico, A prisão, O raio, A antena parabólica, A despedida de solteiro, O vale-gás e O contador de gente.

A segunda parte do livro .reúne seis contos, cada um com características, cenários e personagens próprios. São eles: A vida privada; A amnésia de Oscar; Natal temporal; A tara de Tereza,  Arroz, feijão e leite e O cordão da galinha assada.

Vou valer-me aqui das palavras de Lauro Junkes, ex-presidente da Academia Catarinense de Letras, “a narrativa se consolida quando um ato verbal apresenta um conjunto de ações, movimentos, ou mudanças nas personagens, o que faz com que, a partir duma situação inicial, se processem várias transformações (fatos, episódios, vivências, estados psicológicos, etc.), para chegar-se a uma situação final, que pode ou não oferecer uma solução conclusiva, ações que se desenrolam em determinados lugares e tempos, tudo organizado e apresentado por um narrador, que adota um determinado ponto de vista.”

Podemos vislumbrar neste livro, em cada um dos textos, a presença dos elementos básicos que compõem o corpo de uma narrativa: a) um conjunto de signos, no caso da narrativa literária, as palavras; b) fatos, acontecimentos, personagens que remetem a um mundo, um universo, uma sociedade; c) o escritor/narrador, além da preocupação de querer fazer chegar a narrativa a alguém, a um receptor, a um ouvinte, a um “narratário”.

O escritor/narrador utiliza-se da linguagem culta e do falar “manezês” na construção de cada texto. O registro da fala das personagens procura reproduzir fielmente esse falar, indo às vezes ao extremo no que toca ao registro fonêmico.


Por outro lado, a presença de ingredientes específicos descortina a não uniformidade da língua em cada história construída a partir de relações sociais demarcadas por fatores regionais, culturais, sociais e é claro contextuais, bem definidos. As personagens compartilham do cotidiano lingüístico utilizado por muitas comunidades do interior do Brasil, mormente no que diz respeito ao linguajar “caipira”, caracterizado tão somente pela falta de escolaridade e/ou de oportunidades.


Para justificar o exposto nos dois parágrafos acima,  utilizo-me  do que  o próprio autor coloca no prefácio: que  “foram selecionados 16 dentre os vários contos que já escreveu”;  que “as histórias são relatos de fatos do cotidiano”; que “tais fatos são mesclados com pequenas doses  de humor” e que “qualquer semelhança verificada nos textos e nas personagens com a vida real, seguramente, será mera coincidência”.

Parece-me um caminho muito interessante o escolhido pelo autor destes textos, Antonio Manoel da Silva. Ao lançar-se no mundo da prosa, mais especificamente do conto, optou pela abordagem que privilegia o viés da Sociolinguística utilizando-se de um dos fatores que exercem suas influências para comprovar a grande diversidade de termos típicos da região onde nasceu – o fator regional. VALE A PENA LER!


(Pinheiro Neto, apresentação, 2012)




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DA SÉRIE “NOSSA LÍNGUA”


“Entre eu e o presidente

Nossa língua não é difícil; os incautos é que a complicam. O caso que vamos ver agora é um exemplo típico desse fato.
Manda a língua portuguesa que usemos pronome oblíquo tônico (mim, ti, si, etc.) depois de preposição:

Ela não pode viver sem mim (e não: sem eu).
Eles quiseram saber tudo de ti (e não: de tu).
Ela só fala de si (e não: dela)

Uma das nossas principais preposições é esta: entre. Sendo assim, depois dela cabe o emprego do pronome oblíquo:

Ela não pode viver entre mim e ti (e não: entre eu e tu).
Eles quiseram saber tudo o que houve entre mim e você (e não: entre eu e você).
Ela só fala da amizade entre mim e o presidente ( e não: entre eu e o presidente).

Eis que um ministro está firmemente disposto a renunciar. O presidente não aceita o seu pedido de renúncia. Em não aceitando, ele fica... Aos repórteres, em seguida, vem a declaração (formidável):
Entre eu e o presidente sempre houve muita amizade. Eu pedi demissão do cargo porque quero ser uma solução, e não um problema.

Ministro, meu caro ministro!”

( Luiz Antonio Sacconi, Gafite, as gafes da atualidade, n. 1, Nossa Editora, abril/87)



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se você gostar de meus poemas...



se você gostar de meus poemas deixe-os
caminhar à tardinha, um pouco atrás de você

então as pessoas dirão
"vi nessa rua passar uma princesa
em seu caminho de encontro ao amado
(na direção do crepúsculo)
seguida por seus criados altos e ineptos."

           (E.E. Cummings, tradução de Silveira de Sousa, 2014, enviado especialmente para este blog)



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BELÔ POÉTICO DEIXA SAUDADES E LIÇÕES


 O Belô Poético deixa saudades e lições de que é possível empreender cultura e literatura com cooperação, mais calor humano que capital, mais positividades que poderes, no âmbito dos indivíduos e sociedade civil.

Bertold Brecht, poeta e dramaturgo alemão, escreveu:

Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis

Durante um decênio, o Belô Poético contou com esses três tipos: houve aqueles que ajudaram num episódio e foram bons, houve aqueles que integraram comissão organizadora ao longo do ano, e esses foram melhores. Houve ainda aqueles que desde 2005, quando do 1º Belô, ajudam na organização, e esses foram muito bons. E há pessoas como Rogério Salgado e Virgilene Araújo, que lutam a vida inteira, esses são imprescindíveis. 

Muitos de nós, somos “carona”, usufruindo do esforço alheio, mas me consola saber que engajamento não se obriga e que todos somos seres em evolução moral. Em breve relato, o poeta Rogério Salgado nos contou sobre caso exemplar, que explicita bem a responsabilidade de cada um. Certa vez, foi organizado um sarau com o objetivo de arrecadar donativos, apareceu um ou dois poetas; mas quando se organizava um sarau convencional, com pompa e aplausos, abundavam.

O Belô passa uma lição que serve para todos os grupos literários, qual seja, de que por mais que haja uma injustificada competição, neste precário campo das letras, ela nunca será melhor que a cooperação, o congraçamento literário, afetivo, humano, que é besteira brigar por migalhas, que estamos no mesmo barco, e que é melhor matar saudades que favorecer disputas e desgastes, sem também forçar amizade.

Outra lição é que, de fato, há ciclos na vida, assim como há ciclos naturais, de forma que um fim nunca é um fim em si mesmo, mas o começo de algo novo. É isso o que quis transmitir o palestrante Paulo Pina, na abertura do 10º Belô Poético, em oratória impecável de linha humanista-cristã, que muito me agradou. Ao longo da vida, trocamos de pele, renovar é um movimento irresistível, a fim de manter a saúde.

O Belô serve de exemplo de que é possível empreender efemérides, publicações, solidariedade, através do cooperativismo artístico, onde todos saem sentindo-se engrandecidos e realizados. Dado o exemplo, agora, cada um de nós pode caminhar com as próprias pernas, sendo a autonomia do indivíduo outra lição do Belô. Ensinar a pescar e engravidar possibilidades, como diz o poeta Diovani Mendonça, homenageado na abertura do evento, assim como Severino Iabá, multiativista.  
Como se não bastasse, outra lição do Belô é da importância do intercâmbio cultural com movimentos, grupos e pessoas de outras cidades, fora do nosso espectro geográfico-mental. É uma forma de desengessar o olhar, arejar a cabeça, conhecer novas culturas, experiências, possibilidades, sendo o último dia de todos os dez episódios do evento, dedicado a um passeio fora de Belo Horizonte, com saber e sabor.

O aspecto humano também é importante ser ressaltado: o Belô Poético, geralmente chamado de “evento”, sempre foi mais do que isso, isto é, ele nunca foi efêmero propriamente, mas sempre uma continuidade de uma irmandade poética, um constante reencontro de poetas esperado todos os anos, algo que durava dentro de cada um. Também não era mais um evento fast-food (acabou, passou), estandardizado, espetacular, mas poroso às contingências e sensibilidades, mais humano. Os participantes, ao final, senão transformados, saíam sensibilizados, solidarizados, irmanados. Já os organizadores, cansados, mas cansaço bom, de quem travou o bom combate, que merece nosso apreço e compreensão.

A melhor forma de ser fiéis ao espírito emanado do Belô Poético, talvez seja aprendermos a caminhar com as próprias pernas como indivíduos e sociedade civil; cooperados, que isolados nada realizamos; arrefecer egotismos e cultivar virtudes; sair do comodismo atrofiador, obrar o bem. Tempo foge, vida passa, ‘vai a idade’, o Belô nos deixa sim saudades, mas também exemplo aos nossos empreendimentos e desdobramentos presentes e futuros.

 (Vinícius Fernandes Cardoso, Poeta, 28/07/2014, por emeio)




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DA SÉRIE  “REPASSANDO”


 DEVERIA SER LIDA EM TODAS AS SALAS DE AULA.

        

 Um aluno que teve seu celular tomado pelo professor não será indenizado.
 O juiz Eliezer Siqueira de Sousa Junior, da 1ª Vara Cível e Criminal de Tobias Barreto, no interior do Sergipe, julgou improcedente um pedido de indenização que um aluno pleiteava contra o professor que tomou seu celular em sala de aula. De acordo com os autos, o educador tomou o celular do aluno, pois este estava ouvindo música com os fones de ouvido durante a aula. Segundo o site Migalhas, o estudante foi representado por sua mãe, que pleiteou reparação por danos morais diante do "sentimento de impotência, revolta, além de um enorme desgaste físico e emocional".

Na negativa, o juiz afirmou que "o professor é o indivíduo vocacionado a tirar outro indivíduo das trevas da ignorância, da escuridão, para as luzes do conhecimento, dignificando-o como pessoa que pensa e existe". O magistrado se solidarizou com o professor e disse que"ensinar era um sacerdócio e uma recompensa. Hoje, parece um carma".

 Eliezer Siqueira ainda considerou que o aluno descumpriu uma norma do Conselho Municipal de Educação, que impede a utilização de celular durante o horário de aula, além de desobedecer, reiteradamente, o comando do professor. Ainda se considerou que não houve abalo moral, já que o estudante não utiliza o celular para trabalhar, estudar ou qualquer outra atividade. "Julgar procedente esta demanda é desferir uma bofetada na reserva moral e educacional deste país, privilegiando a alienação e a contra educação, as novelas, os 'realitys shows', a ostentação, o 'bullying' intelectivo, o ócio improdutivo, enfim, toda a massa intelectivamente improdutiva que vem assolando os lares do país, fazendo às vezes de educadores, ensinando falsos valores e implodindo a educação brasileira", declarou.

Por fim, o juiz ainda faz uma homenagem ao professor. "No país que virou as costas para a Educação e que faz apologia ao hedonismo inconsequente, através de tantos expedientes alienantes, reverencio o verdadeiro herói nacional, que enfrenta todas as intempéries para exercer seu 'múnus' com altivez de caráter e senso sacerdotal: o Professor".

(Site Migalhas, 2014)



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CONFRARIA DO [meu] POEMA-pn





Não sonhes,
não sou herói
não abato moinhos
não conquisto cidades
não venço batalhas;
sou fraco
com [de]feitos.

Não te iludas,
vou pecar mais
a cada novo tempo;
vou ser covarde sempre,
vou negar Deus e tu
mais de três vezes.

Não sonhes,
procuro a segurança
nos ventos,
o amor na descrença,
a certeza no vazio.

Não te iludas,
sou apenas eu:
vícios, medos, perguntas.


(In [ser] teza, Pinheiro Neto, A rosa do verso, 1988, p. 20)