quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Edição nº. 63




 PAPO NA CONFRARIA: Miro Morais


1-O que te motivou a escrever?

 Primeiro a necessidade de criar novos limites e logo o prazer e o desafio de dar ao imaginário
 a verdadeira dimensão da realidade, com a primeira publicação aos 14 anos. Esse prazer e esse desafio despertou uma profunda reflexão sobre o ser humano e suas contradições.
--------------------------------------------------------------------------------

2- Cite 3 livros e respectivos autores mais significativos em sua a vida.

Antes e acima de tudo a BIBLIA, quer como reflexão espiritual e como narrativa bem articulada, escrita por muitos autores em muito tempo diferente,  sobre violência, amor, traição, poder, submissão, fé e acontecimentos  de natureza insondável. Depois DOM QUIXOTE,  DE CERVANTES, o imaginário que submete o real às fantasias . E por último ÉDIPO REI de SÓFLOCES, a tragédia grega que além de mostrar a segunda das duas  únicas  verdades incontestáveis da vida, a de que depois da morte, ninguém é dono do seu destino, ainda ofereceu, de graça, para Freud a chave principal da sua psicanálise.
---------------------------------------------------------------------------------

3-  Indique um livro,  da literatura brasileira, para leitura de:

a) alunos do ensino fundamental;
b) alunos do ensino médio.;
c) alunos do ensino superior.

Coloque dez livros a disposição de cada nível de ensino diante dos alunos, com o professor dando coordenadas sobre enredo, técnica narrativa, ambientação e temporalidade e deixe que o aluno escolha o que quer ler. Creio ser melhor do que minhas indicações pessoais.
---------------------------------------------------------------------------------

4- Como se dá o processo criativo em tua prática cotidina?

Disciplina do  dia a dia de escritor eu não tenho. Primeiro porque gosto de me maravilhar com tudo que vivo e cada coisa, para ser bem vivida, tem que ser única a cada vez. Mas tenho disciplina: A COROA NO REINO DAS POSSIBILIDADES em exatos 45 dias e noites, o CÃNDIDO ASSASSINO em 38 noites e dias e o REINO DOS ESQUECIDOS EM 10 anos. O recém concluído, CAMINHOS SEM VOLTA, em 1 ano e 2 meses. Em todos os casos trabalho até a exaustão. Anoto dia e noite, aproveitando ou não. Busco a palavra exata, na melhor frase, dentro do parágrafo mais claro e melhor articulado. Quer maior desafio do que este?
---------------------------------------------------------------------------------------

5- Fale sobre o apoio dispensado pelos setores público e privado à literatura.

 Fui dirigente do principal órgão público de cultura do Estado de Santa Catarina e tenho uma ideia clara do antes e do agora. Lá vai uma historinha: O  saudoso grande escritor e amigo Jair Hamms enviou um exemplar do seu último livro, antes de sua morte, para uma certa secretária de Educação do Estado de Santa Catarina, anexando uma carta pedindo mais atenção para a inclusão de livros de autores catarinenses no currículo da rede escolar. Depois da morte de ambos, da então Secretária e do escritor, um amigo meu, livreiro, recebeu em sua loja o livro com a carta lacrada. A iniciativa privada, me parece, abre as cartas recebidas.

-----------------------------------------------------------------------------------------

6- Fale sobre o papel das Academias de Letras em relação à língua e à literatura.

As academias não podem ser instituições amorfas. Devem assumir um papel de liderança na preservação da língua e estimulação da melhor literatura e da cultura como um todo. Sem isso, que finalidade tem?


---------------------------------------------------------------------------------------

(Miro Morais é ocupante da Cadeira nº. 20 da Academia Catarinense de Letras. É
autor de dois sucessos de mídia e de venda no país e no exterior, A coroa no reino das possibilidades e Cândido assassino. Seu último romance, O reino dos esquecidos, lançado em maio deste ano pela editora Insular, também vem sendo muito bem recebido pela crítica. Prepara um novo romance para breve.)



X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X



DA SÉRIE “POETAS MULHERES” - 5



                                            (Arte no café de Michele - Café Mineiro)




ESTA EDIÇÃO DE "POETAS MULHERES" É UMA HOMENAGEM AO 8º. ANIVERSÁRIO DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL POEMAS À FLOR DA PELE. TODOS OS POEMAS TRANSCRITOS AQUI ESTÃO NA COLETÃNEA PUBLICADA PELA EDITORA SOMAR ESTE ANO DE 2014.





FEITO A LUA

És feito a lua...
reluzente
misterioso
sombrio!
Ora aparece,
ora nebuloso,
ora fugidio!

És feito a lua...
tímido
prata
faceiro!
Ora some,
ora reflete,
ora inteiro!

Ah! Como eu gosto da lua cheia!

(ANDRÉA LUCIA, Rio de Janeiro/RJ)


@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@


ASSIM SERÁ

... e de vez em quando
ainda me darei
ao direito
de vir aqui
de te olhar
de pensar em nós...

... e em sonhos
cavalgar
num cavalo alado
levando comigo
a saudade
que aperta no coração...


(Claudete Silveira, Santa Cruz do Sul/RS)

 @@@@@@@@@@@@@@@@@@@

AVALANCHES

Rimas dissonantes
Veredas atravessavam-lhe o cérebro.
Perigos, trincheiras
Sangue quente.
O sibilar da serpente
Com sangue frio
Ouviu o mar
Soluçar um grito.

(Dora Dimolitsas, São Paulo/SP)


@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@

VOAR

Pronto... agora é só atravessar
Aquela estrada de luz
Vá, sem medo do agora, desse mundo
Leve todas as sensações
Vividas, que te ensinaram a amar
Vá sem segredos
Com todos os sonhos
Com toda a vida
Esta dor vai passar
Basta atravessar
Ver o sol nascer
Agora ele vai brilhar
É só atravessar
Esta passagem nova
e... voar...

(DU CARMONA, São Paulo/SP)


@@@@@@@@@@@@@@@@@


DESEJO

O mesmo olhar de desejo
Faz-me sentir nua
Sem nada dizer
Os dias seguem
Esse olhar me persegue
Tirando meu sono
Invadindo minha alma
Queimando meu corpo
Desejando o teu.

(MARIA HELENA MATTOS, Condor/RS)



@@@@@@@@@@@@@@@@@@


RETRATOS

Cruzando dias e horas
Cometa riscando o céu
O ano passou enfim...
Instantes de pleno Amor
E momentos perdidos...
Mas o que importa
Todo mal que sofri ou
Todo o bem que perdi
Nas lembranças do coração?
Sou grata sim! Pelos sorrisos
Memórias. Ternas imagens
Visões do futuro pela janela
Que permanece entreaberta
O que realmente  interessa
São os carinhos que ofertamos
Os sorrisos que proporcionamos
O Amor que se dá e recebe
Nessa vida tão breve...
Retratos numa estante
Versos inacabados
Escritos nas linhas do tempo!

REGINA MOON (São Paulo/SP)


@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@


QUANDO EU PARTIR

Quando eu me for,
por favor,
não exclamem: coitada!
Antes, quero-me maquiada:
olhos e boca,
faces rosadas.
Nada de palidez:
que me vejam como eu gostava.
Quero o som da bossa nova
a embalar o sono eterno.
Nênias, dispenso.
Vou ao encontro de Nara Leão
E seu violão,
Johnny Alf e sua brisa,
Elis e seu jeito intimista.

No testamento, a lápide:
“Partiu prosa,
Poética no Céu”!

(ROSÂNGELA DE SOUZA GOLDONI, Niterói/RJ)



@@@@@@@@@@@@@@@@@


TOCA-ME

Toca-me como se nunca tivesse tocado outra
Descobre meu corpo e minha alma...
Cansada e arisca...
Toca-me
Como se eu fosse a última
Descobre meus segredos e abraça minha alma inquieta...
Toca-me de maneira que eu nunca mais queria ser tocada
Descobre meu amor escondido por entre máscaras
Em um misto de choro e riso
Toca meu ser
Descobre minha alma
E abraça meu coração.

(SANDRA VIEIRA, São Bernardo do Campo/SP)



@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@

OLHAR DE ALMA

Tenho a alma tão atrevida
Que teima em ficar assim
Nua, exposta, translúcida,
A olhar por mim...

Essa alma, tola feminina,
Esquece o tempo e a idade,
Brincando de ser a menina
Dos olhos que traz saudade!

Incolor, na retina se veste,
Cobrindo a nudez do mundo,
Driblando o espaço celeste...

Precisa, num piscar de leve,
Deixar a tona, ir mais fundo...
Lá, onde ainda não se atreve!

(TELMA MOREIRA, Rio de Janeiro/RJ)


@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@




PROCURO PASSAGENS

Neves do tempo acordadas
Véus de noivas e de anjos
Tramados e bem tecidos
Por renúncias devolvidas.

Procuro passagens a esmo
Que sejam para mim ainda que só
Onde haja sempre um sorriso
Primaveras beijando a brisa.

Os fatos estão se unindo
Procurando a realidade
De teu ser para o universo
Seja um povoar-se de estrelas.

(VANI CAMPOS, Porto Alegre/RS)
 



X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X







POEMAS À FLOR DA PELE: 8 ANINHOS



Não há como negar, a cada ano que passa a Poemas à flor da pele fica mais viçosa, mais ardente, mais adulta, mais guapa. Não há como negar!

Pois este ano, exatamente quando ela comemora seus oito anos muito bem vividos, quero comentar como ela vem se conduzindo e sendo conduzida, a partir das características psicológicas elencadas por estudiosos do comportamento humano, mormente no que diz respeito a essa faixa etária.

Primeiramente esta “nossa menina” demonstra neste momento de sua vida possuir uma grande necessidade de crescer, manifestando interesse ímpar pela sua autonomia interna, já que toda a organização associativa vem comprovando sua maturidade. Com isso, sua personalidade vem se tornando a cada dia mais expressiva.

A todo o momento sentimos sua consciência de si mesma enquanto entidade, reconhecendo algumas das questões que a diferem das outras e não tem prurido algum em expô-las. E isso a faz pensar e repensar sobre si mesma, sobre sua situação no contexto literário atual.

Por vezes, como qualquer menina de oito anos, costuma sentir-se como centro de qualquer cena e dramatiza-se. Esperneia, choraminga,  mas tem a consciência – e quer mesmo  - que as outras instituições “mais adultas” sejam parte do seu mundo, porém, deixando sempre claro que suas opiniões e exigências são determinantes no processo.

Tem procurado viver, no entanto, segundo as normas que disciplinam as atividades das demais entidades congêneres. Tem consciência de que precisa seguir tais normas até para poder afirmar-se como entidade madura nacional e internacionalmente.

Sente-se mais identificada com a família, isto é, sua diretoria, seus conselheiros, seus associados, pois têm consciência de que esta exerce sobre ela uma influência preponderante no que diz respeito ao futuro. Por isso mesmo é sensível aos desacordos e antagonismos que se apresentam entre os membros da família.

Por fim, ao completar seus oito aninhos de vida, esta “nossa menina” Poemas à flor da pele necessita que as relações recíprocas com as outras entidades se encontrem em equilíbrio, pois só assim poderá aprimorar suas características psicológicas e físicas, vivenciar intensamente todos os anos de sua vida e comemorar cada novo aniversário com saúde, força, fé, competência e com muita festa.

(Pinheiro Neto – Barra da Lagoa-SC, 21/03/2014)



X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X







LI E RECOMENDO (7)



A realidade e a ficção, romance de Kátia Rebelo editado pela Papa-Livro em 2013, conta a história de Isadora, uma professora de Literatura que é convidada por Antero, o reitor, a lecionar pela primeira vez em uma universidade.

No universo do romance convivemos com a presença de três mulheres: Isadora, personagem principal, professora, escritora - autora do romance que é lido e estudado por seus alunos, bem como por vários outros integrantes do enredo; Isabela, personagem do livro escrito por Isadora. Por vezes os alunos costumam confundir-lhes a identidade e, por fim, Kátia Rebello, a autora do romance ora recomendado e que têm as duas personagens mulheres Isadora e Isabela. Ela, Kátia, mistura-se às duas personagens de forma inusitada ao transitar pelo universo ficcional daquelas, amparada pelo processo de elaboração da obra, que é seu, particular e (in) controlável. Nesse universo, Kátia exercita o que Isadora afirma categórica: “finjo ser outra pessoa enquanto escrevo”.

Isadora, Antero e Ismael foram amigos de juventude e mantém ao longo do romance uma espécie de triângulo amoroso: enquanto Isadora deseja Ismael, o primeiro homem de sua vida, Antero tem por ela uma fixação quase doentia. Aliás, mesmo nos períodos que ambos estiveram afastados - ela e Ismael - ela sempre o quis por perto.

Ao aceitar o convite do reitor e “amigo” Antero, Isadora acaba aceitando também a oferta dele para morar  na casa até então ocupada pela professora de Literatura falecida e a quem ela substituiu. Já no primeiro dia, Isadora recebe o telefonema de uma criança que a confunde com a tia morta. Esses telefonemas vão se repetir dali para a frente, deixando Isadora apreensiva.

Pelo fato de não morar na “casa dos professores”, onde residem as fofoqueiras Raquel e Ludmila, o professor Falcão  – espécie de garanhão, segundo o ideário circundante – bem como outros professores, Isadora vê-se invadida pelos comentários maldosos que a colocam ora como “a amante do reitor”, ora como a “amante do Dom Juan” da Faculdade. Acaba por refugia-se conscientemente na amizade de Falcão, que passa a assumir um papel de ouvinte, quase confidente, em troca de massagens para fazê-lo conseguir adormecer – especialidade de Isadora – já que sofre de uma “insônia aguda”. Com os “encontros”, apenas para massagens e confidências, sem que nada mais íntimo aconteça, o que vai criando um laço maior entre Isadora e Falcão, ela vai “substituindo” o sentimento até então nutrido por Ismael. Como é de se esperar (e até torcer) Isadora e Falcão, por fim, têm sua noite de amor: e tudo começa com a inversão de quem é o massagista e quem necessita da massagem. Falcão assume desta feita o papel de “massageador”, com o objetivo inverso, isto é, deixar Isadora acordada.

É interessante observar que o tratamento dado pela autora à “consumação” desse episódio: fica quase em suspense, sem minúcias ou mesmices desnecessárias, instigando e provocando o leitor. Novamente o que considero um corte cirúrgico: na cena seguinte o leitor se depara com  Isadora saindo do apartamento de Falcão, de chinelo e roupão, sem nenhuma alusão ao que possa ter ocorrido – e como – na noite anterior.
 

O contexto – o ambiente universitário – é muito bem estruturado pela autora, bibliotecária formada, com mestrado e doutorado, além de uma vasta experiência profissional, o que a faz  transitar segura e cirurgicamente por todos os vieses. Tal contexto permite que uma história que trabalha um tema comum supere-se o tempo todo e não se torne repetitivo, muito pelo contrário, prenda e contagie o leitor.



Conforme  Edwin Muir, em A estrutura do romance, editora Globo, 1975, “a correspondência entre a ação e os personagens é tão essencial que mal se pode encontrar termos para descrevê-la sem parecer exagerar; poder-se-ia dizer que uma mudança de situação sempre envolve uma mudança nos personagens, enquanto toda a mudança, dramática ou psicológica, externa ou interna, ou é causada ou é configurada por alguma coisa existente em ambos.”


Um ponto marcante do romance são os diálogos. Linguagem coloquial simples e cotidiana, sem rebuscamento ou “frufrus” qualificam a autora como alguém que o faz com segurança e maestria. Tal afirmativa denota suporte hodierno mas sem a pieguice da avalanche das  traduções “alienígenas” superficiais e embotadoras que proliferam em nossas livrarias.


Final aberto, como preconiza Umberto Eco, permitindo ao leitor viajar um pouquinho mais no universo da história por conta e risco próprios.

 VALE A PENA LER!!!



X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X







NA BARRA DA LAGOA


O luar era uma bênção
naquela calma noite de verão.
Na Barra da Lagoa, pequenas ondas
espreguiçavam-se na areia morna da praia.
Uma e outra gaivota retardatária
deixava delineado o seu perfil
no prateado disco da lua cheia.

O coaxar das rãs
era uma orquestra natural
regida pela brisa suave!
Há uma eternidade a paisagem se repete,
e, se alguém se recusa a admirá-la,
o que se pode fazer?



(Edy Leopoldo Tremel, cadeira 01 Academia Catarinense de Letras, 2014 – especialmente para esta Confraria)



X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X







DA SÉRIE “NOSSA LÍNGUA”


EU JAMAIS DIRIA UMA COISA DESSA


Quem diz uma coisa dessas está precisando saber que este, esse e aquele (e suas variações), contraídos com de, devem sempre estar no plural, em construções desse tipo. Portanto:

Eu jamais voltarei a dizer uma coisa dessas.
Quem é que vai pagar uma dívida destas?
Fizemos um esforço daqueles, e o Brasil continua em crise.
Um país destes não pode passar por constantes crises econômicas.

Abre-se, então, uma revista, a melhor revista nacional. Fica-se, então, sabendo, à pág. 30, que dias após o presidente advertir toda a Nação: “Nada de traição ao País sob o pretexto de criticar o governo” , uma repórter carioca faz esta pergunta a um ministro: “O senhor acha que crítica é traição?”. A resposta vem fulminante: “Só um idiota poderia dizer uma coisa dessa”.

Só um idiota poderia dizer uma coisa dessas.

Como os jornais, no dia seguinte, estamparam manchetes sobre o assunto, o ministro se apressa em ligar para o presidente e esclarecer tudo. A seu modo. O presidente, espírito sensato e apaziguador, aceita as explicações do ministro, terminando o diálogo com palavras de conforto: “Eu sabia que uma coisa dessa não partiria de você”.

Eu sabia que uma coisa dessas partiria de você...

(Luiz Antônio Sacconi, Gafite, as gafes da atualidade, nº. 1, Nossa Editora, abril 87)


X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X



DA SÉRIE  “REPASSANDO”




ESTA CARTA DEVERIA SER LIDA POR TODOS OS CATARINENSES, ESCRITORES OU NÃO.
        

 Sr. Edgar Gonçalves Jr.
Editor-chefe do DC

No mês de julho o Diário Catarinense extinguia a coluna Contexto, (página 3 do Variedades), tradicional reduto de cronistas catarinenses. Morriam, na ocasião, para os leitores do DC: Amilcar Neves, Fernanda Lago, Ivo Müller e Victor da Rosa. Como também não sobreviveram Urda Klüger, Flávio José Cardoso, Dennis Radunz, Fábio Brüggemann e tantos outros.

Em seguida, o brilhante jornalista Marcos Espíndola, catarinense de Itajaí, era despedido da Contracapa do DC, em marcante crônica de adeus. Em 20 de agosto, a pretensiosa jornalista Carol Macário, alegando jogar mX%$# no ventilador para arejar mentes e trazer frescor à produção intelectual de Santa Catarina, recomendava a leitura da revista Merda Magazine. Finalmente, no último dia 24, Rafael Martini anunciava com alegria o retorno ao time de colunistas do DC de Luis Fernando Veríssimo,o gênio das palavras, em suas próprias palavras. Substituía o talento de Juarez Machado.

Se não for guerra declarada aos catarinenses, aparenta ser! Xenofobia de nossa parte? Alguém ousaria imaginar algo semelhante no Zero Hora de Porto Alegre?

Cuidado! Catarina, a Santa, costuma se vingar daqueles que usam seu Santo Nome em vão.

Atenciosamente,

João Carlos Mosimann
Escritor e historiador



X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X









CONFRARIA DO [meu] POEMA-pn


Meu jogo não é do riso
do tabuleiro ou das cartas.
Meu jogo é da emoção
que rompe a imagem (in-ação)
ultrapassa fronteiras
                   vontades.

É imprevisto
choro, verdade.

Meu jogo é vento
soprando o corte
marcando o ventre
parindo a dor!

(Pinheiro Neto, Jogo 10, A rosa do verso, 1988, p.67)